Folk Tale

Os sete corvos

Translated From

Die sieben Raben

AuthorJacob & Wilhelm Grimm
Book TitleKinder- und Hausmärchen
Publication Date1812
LanguageGerman

Other Translations / Adaptations

Text titleLanguageAuthorPublication Date
De zeven ravenDutchM.M. de Vries-Vogel1940
I sette corviItalian__
Bảy con quạVietnamese__
De syv ravneDanish__
Los siete cuervosSpanish__
The seven ravensEnglishMargaret Hunt_
Siedem KrukówPolish__
Les Sept CorbeauxFrench__
A hét hollóHungarianBenedek Elek_
ATU451
LanguagePortuguese
OriginGermany

Os sete corvos

Um homem tinha sete filhos e nunca tinha uma filha, por mais que desejasse.Até que, finalmente, sua mulher lhe deu esperanças de novo e, quando a criança veio ao mundo, era uma menina.A alegria foi enorme, mas a criança era franzina e miúda e, por causa dessa fraqueza, foi preciso que lhe dessem logo os sacramentos.O pai mandou um dos filhos ir correndo até a fonte, buscar água para o batismo.Os outros seis foram atrás do irmão e, como cada um queria ser o primeiro a puxar a água para cima, acabaram deixando o balde cair no fundo do poço.Aí eles ficaram assustados, sem saber o que deviam fazer, e nenhum dos sete tinha coragem de voltar para casa.Foram ficando por lá, sem sair do lugar.

Como estavam demorando muito, o pai foi ficando cada vez mais impaciente e disse:- Na certa ficaram brincando e se esqueceram de voltar, aqueles moleques levados...

Começou a ficar com medo de que a menininha morresse sem ser batizada e, com raiva, gritou:

- Tomara que eles todos virem corvos!

Mal o pai acabou de dizer essas palavras, ouviu um barulho de asas batendo no ar, por cima da cabeça.Levantou os olhos e viu sete corvos negros como carvão.voando de um lado para outro.

Os pais ficaram tristíssimos, mas não conseguiram fazer nada para quebrar o encanto.

Felizmente, puderam se consolar um pouco com sua filhinha querida, que logo recuperou as forças e cada dia ia ficando mais bonita.Durante muito tempo, ela ficou sem saber que tinha tido irmãos, porque os pais tinham o maior cuidado de nunca falar nisso.Mas um dia, ela ouviu por acaso umas pessoas comentando que era uma pena que uma menina assim tão bonita como ela fosse a responsável pela infelicidade dos irmãos.

A menina ficou muito aflita e foi logo perguntar aos pais se era verdade que ela já tinha tido irmãos, e o que tinha acontecido com eles.Os pais não puderam continuar guardando segredo.Mas explicaram que o que aconteceu tinha sido um desígnio do céu, e que o nascimento dela não tinha culpa de nada.Só que a menina começou a ter remorsos todos os dias e resolveu que precisava dar um jeito de livrar os irmãos do encanto.Não sossegou enquanto não saiu escondida, tentando encontrar algum sinal deles em algum lugar, custasse o que custasse.Não levou quase nada:só um anelzinho como lembrança dos pais, uma garrafinha d'água para matar a sede e uma cadeirinha para descansar.

Andou, andou, andou, cada vez para mais longe, até o fim do mundo.Aí, ela chegou junto do sol.Mas ele era quente demais e muito terrível, porque comia os próprios filhos.Ela saiu correndo, fugindo, para bem longe, até que chegou junto da lua.Mas a lua era fria demais e muito malvada e cruel.Assim que viu a menina, disse:

- Huuummm sinto cheiro de carne humana...

A menina saiu correndo bem depressa, fugindo para bem longe, até que chegou junto das estrelas.

As estrelas foram muito amáveis e boazinhas com ela, cada uma sentada em uma cadeirinha separada.Então, a estrela da manhã se levantou, deu um ossinho de galinha à menina e disse:

- Sem este ossinho, você não vai conseguir abrir a montanha de vidro.E é na montanha de vidro que estão os seus irmãos.

A menina pegou no ossinho, embrulhou-o com todo cuidado num lenço e continuou seu caminho, até que chegou à montanha de vidro.A porta estava bem fechada, trancada com chave, e ela resolveu pegar o ossinho de galinha que estava guardado no lenço.Mas quando desembrulhou, viu que não tinha nada dentro do pano e que ela tinha perdido o presente que as boas estrelas tinham dado.Ficou sem saber o que fazer.Queria muito salvar os irmãos, mas não tinha mais a chave da montanha de vidro.Então, a boa irmãzinha pegou uma faca, cortou um dedo mindinho, enfiou na fechadura e deu um jeito de abrir a porta.Assim que entrou, um gnomo veio ao seu encontro e lhe perguntou:

- Minha filha, o que é que você está procurando?

- Procuro meus irmãos, os sete corvos - respondeu ela.O gnomo então disse:

- Os senhores Corvos não estão em casa, mas se quiser esperar até que eles cheguem, entre e fique à vontade.

Lá em cima, o gnomo pôs a mesa para o jantar dos corvos, com sete pratinhos e sete copinhos.A irmã então comeu um pouco da comida de cada prato e bebeu um gole de cada copo.Mas no último, deixou cair o anelzinho que tinha trazido.

De repente, ouviu-se nos ares um barulho de gritos e batidas de asas.Então o gnomo disse:

- São os senhores Corvos que estão chegando.

Eram eles mesmos, com fome e com sede.Foram logo em direção aos pratos e copos.E, um por um, foram gritando:

- Quem comeu no meu prato?Quem bebeu no meu copo?Foi boca de gente, foi boca de gente...

Mas quando o sétimo corvo acabou de esvaziar seu copo, o anel caiu lá de dentro.Ele olhou bem e reconheceu que era um anel do pai e da mãe deles, e disse:

- Quem dera que fosse a nossa irmãzinha, porque aí a gente ficava livre.

Quando a menina, que estava escondida atrás da porta, ouviu esse desejo, apareceu de repente e todos os corvos viraram gente outra vez.Começaram todos a se abraçar e se beijar e a se fazer mil carinhos e depois voltaram para casa muito felizes.


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