Folk Tale

Os músicos de Bremen

Translated From

Die Bremer Stadtmusikanten

AuthorJacob & Wilhelm Grimm
Book TitleKinder- und Hausmärchen
Publication Date1812
LanguageGerman

Other Translations / Adaptations

Text titleLanguageAuthorPublication Date
De Bremer stadsmuzikantenDutchM.M. de Vries-Vogel1940
I musicanti di BremaItalian__
Οι μουσικοί της ΒρέμηςGreek__
Những nhạc sĩ thành BremenVietnamese__
De bremer stadsmusikanterDanish__
Los músicos de BremaSpanish__
Брэменскія музыкіBelarusian__
The Bremen town musiciansEnglishMargaret Hunt_
Muzykanci z BremyPolish__
Les musiciens de BrêmeFrench__
A muzsikusokHungarianBenedek Elek_
ATU130
LanguagePortuguese
OriginGermany

Os músicos de Bremen

Era uma vez um burro que tinha trabalhado durante muitos anos para o seu dono, acartando sacos de milho.Com o tempo, foi perdendo as forças e acabou por não conseguir trabalhar como antigamente.Então, o dono resolveu cortar-lhe a ração.Vendo que dessa decisão não viria nada de bom para si, o Burro fugiu e pôs-se a caminho da cidade de Bremen.

- Em Bremen posso tornar-me músico – pensava ele enquanto caminhava.

Ainda mal tinha começado a jornada quando encontrou, à beira da estrada, um cão de caça que respirava sem fôlego como se tivesse acabado de correr muito.

- Por que respiras assim com tanta dificuldade?– Perguntou o Burro.

- Ah, sabes lá!Como estou velho e cada dia que passa me sinto mais fraco, já não posso caçar.O meu dono queria matar-me, mas eu fugi a sete pés.Mas, agora, o que vai ser de mim?– Queixou-se o Cão.

- Por que não vens comigo para Bremen?– Perguntou o Burro.- Vou tornar-me músico da cidade e tocar alaúde.Tu podias tocar tambor…

O Cão concordou e meteram-se ambos ao caminho.

Andaram algum tempo até que encontraram um Gato que estava muito, muito triste.

- O que te aconteceu, meu caça-ratos?– Perguntou o Burro.

- Quem é que se pode sentir feliz quando tem a vida em risco?– Queixou-se o Gato –

Como estou velho e prefiro enroscar-me à lareira em vez de caçar ratos como antigamente, a minha dona quis afogar-me e eu fugi.Mas, agora, o que será de mim?

- Vem connosco para Bremen – convidou o Burro.– Podes ser um músico como nós e tocar nos concertos nocturnos.

O Gato concordou e foi com eles.

Pelo caminho passaram por uma quinta e viram um Galo empoleirado na cancela.

Cantava a plenos pulmões.

- Por que te esganiças tanto?– Quis saber o Burro.

- Amanhã é Domingo - explicou o Galo - e a minha dona tem convidados.Mandou a cozinheira cortar-me o pescoço logo à noite e meter-me na panela.Por isso, canto enquanto posso.

- É melhor vires connosco, Galo vaidoso - convidou o Burro - tens uma bela voz e juntos faremos um belo quarteto.

O Galo concordou e partiu com os outros.

Como não podiam chegar a Bremen nesse dia, resolveram passar a noite numa floresta.

O Burro e o Cão deitaram-se debaixo de uma árvore e o Gato e o Galo aninharam-se nos seus ramos.O Galo escolheu um dos ramos do topo da árvore porque aí se sentia mais seguro.Antes de adormecer, olhou em volta e viu ao longe uma luz a brilhar na escuridão.Chamou os colegas e disse-lhes que, naquela direcção, havia com certeza uma casa.

- Vamos até lá – propôs o Burro.– Aqui não estamos lá muito bem instalados.

Todos concordaram e puseram-se a caminho.Acabaram por chegar a uma velha casa de onde saía uma luz muito viva.

Como o Burro era o mais alto, foi ele quem espreitou primeiro.

- O que vês?– Perguntou o Cão.

- Vejo uma mesa repleta de iguarias e quatro salteadores que se estão a banquetear à farta – respondeu o Burro.

- Essa comida é que vinha mesmo a calhar – disse o Galo.

- Ah, se ao menos pudéssemos lá entrar… - acrescentou o Burro, cheio de fome.

Conversaram durante algum tempo e, por fim, os quatro amigos tiveram uma ideia para expulsar os salteadores.

O Burro apoiou as patas dianteiras no parapeito da janela, o Cão saltou para cima dele, o Gato saltou para cima do Cão e o Galo voou para cima do Gato.Depois, começaram a fazer barulho, cada um à sua maneira:o Burro zurrou, o Cão ladrou, o Gato miou e o Galo cantou.Enquanto faziam este concerto, saltaram através da janela, partindo os vidros em mil bocados.Os salteadores pensaram que se tratava de um fantasma horrível

e fugiram a sete pés, rumo à floresta.

Muito satisfeitos, os quatro amigos sentaram-se à mesa e comeram tranquilamente até se fartarem.Depois, apagaram as velas e prepararam-se para dormir.O Burro deitou-se num fardo de palha que havia no pátio, o cão deitou-se atrás da porta das traseiras, o Gato enroscou-se junto das brasas da lareira e o Galo empoleirou-se numa das traves do tecto da casa.Como estavam muito cansados adormeceram num instante.

Por volta da meia-noite os salteadores voltaram.Estava tudo às escuras e não se ouvia barulho nenhum.

- Não nos devíamos ter assustado tanto – disse o chefe.

E mandou um dos seus homens à frente para examinar a casa.

O bandido entrou e dirigiu-se à lareira para acender uma vela.Os olhos do Gato luziam no escuro e o bandido pensou que eram duas brasas.Aproximou um fósforo do focinho do Gato para o acender.O Gato não gostou da brincadeira e saltou-lhe para a cara, arranhando-a muito, enquanto miava e soprava.O bandido ficou aterrorizado!Quis fugir pela porta das traseiras, mas o Cão atirou-se a ele e ferrou-lhe uma valente dentada na perna.Cada vez mais aterrorizado, o homem lançou-se a correr pelo pátio, passando perto do Burro que lhe deu dois valentes coices.Nisto, o Galo acordou em sobressalto e pôs-se a cantar:

- Có-có-ró-có-có!Có-có-ró-có-có!

O bandido fugiu o mais depressa que pode.Quando chegou perto dos outros, gritou apavorado:

- Estamos perdidos!Está uma bruxa horrorosa sentada à lareira.Cuspiu-me e arranhoume a cara com as suas unhas enormes.Junto à porta está um homem que me esfaqueou a perna.No pátio está um monstro que me bateu com um cacete.Em cima do telhado está o chefe deles todos que gritou:"Corre senão comes!Corre senão comes!"Foi o que fiz, para não apanhar mais.

Os salteadores nunca mais se atreveram a voltar àquela casa.

Quanto aos quatro músicos de Bremen, sentiram-se tão bem por lá que resolveram nunca mais sair… e, quanto a mim, ainda lá devem estar!


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